Quando a gente tem que fazer justiça com relação a música, não posso abrir mão de falar aqui de um turma que fez história em Londrina. Poucos podem se lembrar do Ana&Banda. Não eu... e por quê? Primeiro por que os caras conseguiram criar estilo. Se não fosse por eles a maioria das bandas que surgiriam depois e ai, eu cito mesmo: o Chaminé Batom, a Banda Wet, Londrina Soul, Banda Azul, Gisele, Bimba,Simone e todas as cantoras que pegaram a MPB e colocaram uma atitude rock.A Ana não era nenhuma musa, nenhuma Cássia Eller, mas tinha atitude no palco suficiente para que através de canções como "Fé Cega,Faca Amolada" e de composições como "Fleur" (que mais tarde fora regravada pela banda Beco) pudesse passar muito bem o recado e trazer a moçada da UEL junto.Fora a banda com o Renato no baixo, Marcelo Casagrande na bateria, Bruka Lopes nas guitarras e Wagner na percussão. Fora serem ouvintes assiduos do Jazz de Coltrane, Dave Holland eles traziam na veia um suíngue que transformava qualquer coisa que eles fizessem em batida funk rock. Literalmente as vezes o bicho pegava e o banda quebrava para valer. O Bruka de certo modo acabou levando isto para o Beco. Infelizmente, como a maioria das bandas da época somente duravam até o lançamento da Demo, com o Ana&banda isto não foi diferente.Mas foram os primeiros a flertar com a poesia de Rodrigo Garcia Lopes, com a música eletroacústica de Guto Caminhoto e com o blues de Júnior e o Blue Up(da qual meia banda já havia feito parte), que depois teve seus desdobramentos no Bando do Cão sem Dono, no cd "Polivox" do Rodrigo.Havia um "link" permanente que unia toda esta turma de músicos de orquestra(como o Marcelo e o Wagner),compositores e poetas(Renato,Bruka, Rodrigo,Bernardo), querendo apresentar um formato de música acessível ao público que lotava as tardes no Zerão e às noites paradisíacas do Valentino, do Araucana entre outros locais de Londrina.
O bom de tudo isso é estar aqui recordando as coisas boas que a gente viu e ouviu num tempo em que somente plugar um guitarra e sair tocando não era suficiente. Todos lá em Londrina tinham que mostrar um algo a mais. Este algo a mais se chama "Música"!
